Contabilidade Financeira  

Posted by Anderson Dias in

A seguir apresento uma pequena introdução sobre Contabilidade Financeira, expondo os principais termos e conceitos. Devido à extensa área de aplicação e conhecimento, fica impossível apresentar amplamente os conceitos aplicados à contabilidade, sendo assim, caso tenha interesse em se aprofundar nos estudos, sugiro que utilize livros ou apostilas direcionadas.

1. A Contabilidade


Contabilidade é o significado dos relatórios econômico-financeiros. Compõe-se basicamente por Balanço, que é o significado das contas do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. O Patrimônio Líquido (ou PL, também conhecido como Capital Próprio ou Capital Interno, representa a riqueza real da entidade e é formado pelo valor que os proprietários têm aplicado no negócio, inclusive aportes de capital adicional, mais os resultados gerados pelo desenvolvimento das atividades e mantidos como reservas, menos eventuais prejuízos) varia em Receita, Despesa e Resultado e Fluxo de Caixa. Capital Externo (também conhecido como Capital de Terceiros) é igual a soma do Passivo Circulante (PC) mais o Exigível a Longo Prazo (ELP).

A Contabilidade é uma ciência social aplicada (não é considerada ciência exata), que utiliza-se de métodos quantitativos. Seu principal objetivo é fornecer informações úteis para a tomada de decisão, estudando o patrimônio, que é o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações de uma entidade. Tem como objetivos secundários o controle e o planejamento.

Bens são coisas úteis que satisfazem as necessidades das entidades, como dinheiro (caixa), veículos, etc. Direitos são valores a receber de terceiros, como duplicatas a receber, títulos a receber, etc.

2. Relatórios Contábeis


As demonstrações financeiras são feitas através de relatórios, como o Balanço Patrimonial (ou B/P), Demonstração do Resultado do Exercício (ou DRE), Demonstração das Mutações do PL ou Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, Demonstração do Fluxo de Caixa e do Valor Adicionado (ou DVA).

O DVA é um relatório que visa demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresa e sua distribuição para os elementos que contribuíram para sua geração.

Um DRE é composto somente por receitas, custo e despesas. Demonstrativos contábeis podem ser ao mesmo tempo DRE e Balanço, como por exemplo: Despesa com salário a pagar. O fato de ser uma despesa faz com que o demonstrativo entre no relatório de DRE, o fato de ser a pagar faz com que entre no Balanço, como passivo. Outro exemplo: Receita à vista. O fato de ser receita faz com que entre no DRE, o fato de ser à vista faz com que entre no Balanço, como ativo. Uma conta só pode entrar no DRE após ser realizado, ou seja, vendido. Se não foi vendido, representa potencial de fluxo de caixa.

3. Balanço Patrimonial (B/P)

O Balanço Patrimonial é composto pelo Ativo Circulante, Realizável a Longo Prazo, Ativo Permanente, Passivo Circulante, Passivo Exigível a Longo Prazo e Patrimônio Líquido. Todos esses itens são considerados grupos de contas. Passivo e Estrutura de Capital são a mesma coisa. Dentro de cada grupo de conta existe as contas, que são utilizadas para registrar fatos de mesma natureza, como por exemplo, caixa, estoques, fornecedores, capital social, etc.

Passivo pode ser definido de maneira simplista como sendo tudo aquilo que tem a pagar - obrigações/dívidas - e o Ativo seria tudo aquilo que tem a receber. Dessa forma, pode-se entender que o Passivo financia o Ativo. A relação entre Ativo Circulante (AC) e Passivo Circulante (PC) determina a Situação Financeira (SF) de curto prazo. A partir desse cotejamento, pode-se definir que AC maior que PC representa Situação Financeira favorável, AC menor que PC representa SF desfavorável e AC igual PC representa SF nula. O AC e PC também podem ser usados para se obter o Capital Circulante Líquido (CCL = AC - PC), que demonstra a SF de curto prazo, também conhecida como fôlego financeiro. Na visão clássica, o CCL representa quanto o AC é maior que o PC.

O CCL serve para avaliar a SF da entidade, mas além dele pode-se utilizar o Índice de Liquidez Corrente (ILC), que representa quanto a entidade possui de AC para cada 1 unidade monetária ($1) de PC, e é representado por ILC = AC / PC. Este índice, quanto maior, melhor

O Ativo Permanente (AP) ou Ativo Fixo, é o meio para atingir os objetivos sociais, dificilmente se transformarão em dinheiro, pois não se destinam à venda. São utilizados como meio de produção ou renda e possuem vida útil longa (acima de 1 ano). Sua reposição, ao contrário do AC, é lenta.

O Imobilizado (ou Tangível, ou Bens Corpóreos) são os direitos que tenham por objeto bens corpóreos, como máquinas e equipamentos, veículos, prédios em uso, móveis, utensílios, equipamentos de processamento eletrônico de dados. São destinados à manutenção das atividades da companhia ou empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens.

Os Investimentos são aplicações que nada tem a ver com a atividade principal da empresa. Não melhoram em nada o volume de vendas ou produção, não constituem negócios usuais na exploração do objeto da companhia. São as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no AC, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou empresa. São exemplos de Investimentos ações de outras companhias, imóveis alugados e obras de arte.

Intangível são os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, como por exemplo fundos de comércio, marcas e patentes e direitos autorais.

Realizável a Longo Prazo (RLP) representa os valores de longo prazo a receber, como por exemplo empréstimos a coligadas e títulos a receber.

Diferido são as despesas pré-operacionais e os gastos de reestruturação que contribuirão, efetivamente, para o aumento do resultado de mais de um exercício social e que não configurem tão somente uma redução de custo ou acréscimo na eficiência operacional. São exemplos de Diferido os gastos pré-operacionais (gastos de organização e administração, gastos preliminares de operação), reestruturação (custo ou despesa).

4. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

Receitas compõem a venda de bens ou serviços. Quando feita à vista, aumenta o caixa (encaixe), quando feita à prazo, aumenta as duplicatas à receber. Despesas são o sacrifício de ativos para obter receita. Quando feita à vista, diminui o caixa (desembolso), quando feita à prazo, aumenta dívidas (duplicatas à pagar).

Qual a diferença entre Despesa e Custo? Para amparar essa definição, primeiramente defini-se o que é gasto. Gasto são todos os dispêndios efetuados pelas organizações que, conforme suas características, podem dividir-se em custos, despesas, aplicações, perdas, gastos operacionais e gastos não operacionais. As Despesas tratam dos gastos que, direta ou indiretamente, contribuem para a geração de receitas. Incluem-se aí as despesas administrativas, comerciais, gerais e financeiras. Gastos no escritório (administração), são considerados despesas, como propaganda e honorários. Custos são gastos efetuados com a produção dos bens e/ou a prestação de serviços. Incluem-se as matérias-primas, mão-de-obra, etc. Gastos na fábrica (produção) são considerados custos. Aplicações são todos os gastos visando expandir as instalações ou mesmo as atividades da empresa, como compra de máquinas, equipamentos, veículos, etc. Perdas correspondem aos gastos anormais ou involuntários efetuados pela empresa e que constituem todos os imprevistos ocorridos num certo período.

5. Integração do BP com o DRE

Integração do Balanço Patrimonial com o DRE, Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e o Fluxo de Caixa.

A Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) compreende três atividades:
  1. Operacional: envolve as atividades relacionadas com a produção e entrega de bens e serviços e normalmente relaciona-se com as transações que aparecem na DRE.
  2. Investimento: relaciona-se normalmente com os aumentos e diminuições dos ativos de longo prazo (Realizável a Longo Prazo e Ativo Permanente) que a empresa utiliza para produzir bens e serviços, como empréstimos a coligadas (Realizável a Longo Prazo), pagamento pela aquisição de ações de outras companhias (AP, Investimento), pagamento pela aquisição de máquinas e equipamentos (AP, Imobilizado), pagamento com marcas e patentes (AP, Intangível), pagamento com despesas pré-operacionais (AP, Diferido).
  3. Financiamento: relaciona-se com os empréstimos de credores e investidores à entidade, como empréstimos e financiamentos bancários e debêntures.
6. Administração de Capital de Giro, Índices e Prazos Médios

Pode-se definir as contas cíclicas, do ponto de vista da gestão, como sendo de natureza operacional, ligadas com o desenvolvimento dos negócios da empresa, enquanto as contas Financeiras/Erráticas estão relacionadas com os aspectos táticos do curto e curtíssimo prazo. As contas decorrentes de lucro, como dividendos, imposto de renda e contribuição social, são consideradas Financeiras.

A Necessidade de Capital de Giro (NCG) representa a demanda operacional da empresa, ou seja, a demanda permanente. A diferença entre o AC e o PC representa a NCG. Quando o AC não é financiado totalmente pelo PC, esse valor (NCG) deve ser financiado pelo Passivo Permanente (PP) e Passivo Financeiro (PF), através do Saldo de Tesouraria (ST). Quando a NCG é maior que o CDG, observa-se o Efeito Tesoura

Os recursos de longo prazo (PP) são menos onerosos (financiamento junto ao BNDES, Exigível a Longo Prazo). O ideal em termos financeiros seria que os recursos de longo prazo (PP) financiassem as aplicações de longo prazo (AP), e a dispusesse ainda de uma parcela daquele PP para financiar o Capital de Giro (CDG), sendo assim, a empresa ficaria menos dependente de capitais onerosos de terceiros, como bancos. Caso persista ao longo dos anos a utilização de PF para financiar AC, a empresa poderá caminhar a passos largos para a insolvência. A empresa não poderá depender da utilização de passivos onerosos sempre que precisar vender, pois poderá comprometer a continuidade da empresa.

No conceito ortodoxo de finanças, entende-se ser um princípio de boa política financeira que os bens e os direitos que compõem o AP sejam financiados, com prioridade, por recursos próprios.

Toda vez que a empresa tiver um Ativo Permanente Contábil (AP + RLP) maior que o PP (ELP + PL), a empresa não terá CDG. Nessa situação a empresa acabará muitas vezes recorrendo a capitais onerosos de terceiros (bancos), isso poderá levar a empresa ao Overtrade.
Overtrade ocorre quando há um crescimento elevado no volume de atividade da entidade, sem o respectivo lastro de recursos para financiar a expansão da atividade.
Os Índices de Prazos Médios ou Índices de Atividades correspondem ao Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE), o Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) e o Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF).

O Ciclo Operacional é o período no qual a empresa faz aplicações (investimentos). Ciclo Financeiro visa demonstrar o período no qual a empresa necessita ou não de financiamento complementar do seu Ciclo Operacional, gerando assim NCG ou folga de caixa.


This entry was posted on 23 de setembro de 2008 at 19:46 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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